A fase mais criativa e descompromissada de Mauricio de Sousa está nesses exemplares da Coleção Histórica. De imediato, Mônica 18
já traz bastante diversão: a história que abre - "A VOZ" - é intrigante
e termina sem apresentar uma real solução para um problema enfrentado
pela Mônica, mas aí está a graça da coisa toda. Mônica começa a se ver
doida quando uma voz diz coisas às pessoas que ela não falaria. Não
chega a ser uma coisa engraçada, mas é interessante e prende a
atenção.
POR FABIANO CALDEIRA- RIBEIRÃO PRETO-SP
POR FABIANO CALDEIRA- RIBEIRÃO PRETO-SP
Horácio e Tina dão o
ar da graça - Tina, mais uma vez, com seu irmão atualmente
desaparecido. "BIDU NA SUBIDA DO MORRO" apresenta duas páginas tais, no
final das contas, fazem a gente pensar um pouco.
Uma história
realmente divertida é "RETRATO FALADO". Bem simples e curta, porém,
garante uma boa gargalhada. Mônica faz um desenho de Cebolinha e ele
começa a falar. A situação é mostrada claramente que não é bem assim,
mas, o tempo todo, Mônica não se dá conta do que realmente estava
acontecendo.
Mônica, Cascão e o "RETRATO FALADO".
Nossa! E agora?
O que segue são mais tramas interessantes:
Astronauta é "O DEUS SOL".
"O DEUS SOL" é uma
trama do Astronauta onde ele é considerado uma espécie de Deus a uma
civilização alternativa de um planeta bem parecido com a Terra, só que
muito gelado. O desfecho dela não é nada correto e fico pensando que
hoje em dia, talvez, esse final seria mudado, pois (lá vem "SPOILER!") o
Astronauta simplesmente vai embora tapeando todo mundo.
"O MENESTREL": nenhum personagem conhecido,
muita genialidade envolvida - uma obra-prima.
"O MENESTREL" é uma
obra-prima que não apresenta nenhum personagem já conhecido. Trata-se
de algo a parte. A trama é ambientada dentro de um formigueiro onde um
estranho lá chega e não quer saber de trabalhar da mesma forma como
todos. Como ele ganha as graças da rainha, acaba se ocupando como seu
menestrel (músico ou poeta ambulante, descompromissado, também chamado,
em algumas localidades, de "trovador") e um comandante dos operários
acaba não gostando nada dessa história.
Mônica 18 é realmente um volume muito interessante: boas histórias, boas reflexões.
Cebolinha é "O SANFONEIRO".
Cebolinha 18
também traz uma HQ atípica logo na abertura: "O SANFONEIRO" é uma das
poucas tramas onde os personagens mudam de roupa. Vestidos a caráter, a
turminha vai a uma festa junina. Chegando lá, o sanfoneiro não aparece
para animar o pessoal. Cascão, tendo a informação de que Cebolinha
"arranha" algo na sanfona, resolve projetá-lo à multidão como um grande
artista. O meio dessa situação toda é recheado de piadinhas que, juntas,
formam esse excelente trabalho.
Piteco vem logo depois, apresentando-nos um pensamento leve a respeito do casamento.
Em seguida, uma
história muito louca é contada em "MIAU?". Isto porque Cebolinha arruma
um pintinho (é uma ave, pessoal!) e este mia. Tudo é muito confuso e
doido... e eu ri (há uma boa mensagem embutida nesse contexto, só quem
está realmente atento irá perceber).
Também gostei da HQ de Rolo e Tina. Reflexão pura sobre o respeito animal já naqueles tempos, hein!? Muito bem!
Maria Cascuda é "O GRANDE AMOR DO CASCÃO".
"O GRANDE AMOR DO
CASCÃO" - outro show que valoriza demais esta edição e merecia ter sido
republicada antes e, ao que eu saiba, não foi. Trata-se da estreia de
Maria Cascuda - a namorada do Cascão. A princípio, ela também aparece
toda sujinha e com um visual supostamente desleixado. Com o tempo, Maria
Cascuda passa a aparecer também limpinha e vemos que o cabelo bagunçado
era, na verdade, sua natureza mesmo. Era bastante comum encontrar nas
HQs antigas do Mauricio um certo apelo embutido à sociedade, à política e
ao meio ambiente. Muitas vezes, esse apelo era tão embutido que
dificilmente percebia-se. Mas é só ler a trama com um pouco mais de
atenção que somos capazes de encontrar tais pérolas ali, mais ou menos
escondidas. Particularidades de uma época de censuras. (até parece que
hoje não tem, né?)
Ainda há mais
diversão com "MÔNICA CARECA" e "A RIFA"; e um banho misterioso do
Astronauta em um rio ou lago onde coisas inexplicáveis acontecem. A
edição termina com "O DUELO": uma brincadeira com armas no melhor estilo
bandido e mocinho tal qual nunca mais veremos hoje em dia. Sabe como é:
o governo precisa de crianças anencéfalas, incapazes de aprender a
distinguir o bem do mal em suas brincadeiras, assim podem roubar mais do
povo através das próximas gerações que estarão perdidas, pois, penso
eu, que a noção entre bom e ruim está cada vez mais dissipada na criação
dessa molecada. Voltando à história, ela mostra Cebolinha e Cascão
brincando de bangue-bangue. O quadrinho final me arrancou uma gargalhada
bem gostosa.
Outra hora eu volto: ainda quero compartilhar as revistas do Chico Bento, Cascão e Magali. Até mais, pessoal!
Abraços a todos.
Fabiano Caldeira.
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