Criador dos personagens de quadrinhos mais famosos do Brasil, queridos não só por crianças, mas também por um grande número de adultos que cresceram lendo as histórias da Turma da Mônica, o cartunista Maurício de Sousa visitou a sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), nesta sexta-feira, e falou sobre como os quadrinhos e o futebol estão em sintonia.
“Quadrinho, geralmente, é um retângulo. O futebol também é jogado num retângulo. Então a ligação deles já começa daí. Temos um quadrinho na vertical e um na horizontal”, brincou o ‘pai’ da Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. “Mas tirando isso, acho que você pode, realmente, falar de futebol, bom futebol, aventuras no futebol e situações de jogadores com muita propriedade dentro da linguagem dos quadrinhos.”
Maurício contou como surgiu a ideia de unir os seus traços inconfundíveis com histórias de personagens do futebol. “Estamos fazendo isso desde os tempos do Pelé e tem dado certo. Sempre com a preocupação de olhar pelo lado humano, pegando mensagens de conteúdo”, explicou. “Começou com o Pelé, ele estava no auge, então ter uma história assim seria interessante, porque poderíamos colocar mensagens sobre futebol, sobre comportamento, sobre como a gente age no estádio. E foi um sucesso”, disse. “Depois, bem, até o Maradona queria ter um quadrinho igual ao do Pelé, mas, enfim, não deu certo porque ele saiu para outros lados”, ressaltou Maurício ao se referir sobre o envolvimento do craque argentino com as drogas.
O cartunista mais famoso do Brasil ainda revelou outras curiosidades. “Tentei fazer um com o Ronaldo, mas o Real Madrid, na época, não permitia”, contou ele, sobre a intenção de criar um personagem do ex-jogador Ronaldo Fenômeno. “Fiz com o Ronaldinho e foi um sucesso mundial. Chegou a sair em 32 idiomas diferentes. Agora é hora do Neymar. E começou a todo vapor. Já está em espanhol, vai sair também em países nórdicos. É o reio mundo no futebol nos próximos anos”, aposta Maurício.
Além dos jogadores reais que viraram personagens de quadrinho pelas mãos do cartunista, ainda existe outra ligação entre a Turma da Mônica e o esporte predileto dos brasileiros. Isso porque Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, cada um deles, na história em quadrinhos, torcem para um time.
Maurício explicou como escolheu o time de cada personagem ou, talvez, como cada personagem ‘escolheu’ seu time. “A Mônica está com um vestido vermelho e o São Paulo tem o vermelho na bandeira. Resolvi que o Cascão fosse corintiano quando, por exemplo, o Corinthians, depois de tantos anos, voltou a ser campeão. Ali que me deu o estalo, até porque o Cascão é bom de bola, da turminha é o melhor. Já o Cebolinha nasceu de camisa verde antes de virar palmeirense na historinha, então ele já estava bem encaminhado. E a Magali, que gosta de comer, o que eu ia botar na Magali? O Peixe. Coloquei ela torcendo para o Santos. Ela adora torcer para o peixe e depois do jogo ir pra uma peixada também”, falou ele, aos risos.
Porém, além dos quatro grandes de São Paulo, não poderia faltar um integrante do interior. “Tem o Chico Bento também. Ele é torcedor do XV de Piracicaba, que é essa coisa mais caipira, do interior. É buscando essas conotações que dá certo, é por aí.”
Dentro das tantas possibilidades de assuntos que um quadrinho pode abordar, a principal preocupação de Maurício parece ser mesmo o alcance de suas histórias como ferramenta de contribuição para uma sociedade melhor. “As histórias estão sempre acompanhando as coisas pelo lado humano. No caso do futebol, não é só no jogo em si. Estamos conseguindo ter resultados falando de questões sociais, de inclusão. Isso é muito importante”, ponderou o cartunista.
“Mas, lógico, apesar de falar sobre assuntos sérios, nossa maneira de fazer histórias é escrever de forma alegre, divertida e esperançosa. Você tem que fazer histórias leves, gostosas, dinâmicas, que não quebrem a cabeça do leitor, porque ele tem que ir com a história, voar com ela junto com a imaginação de quem a criou”, finalizou.
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