DO DIÁRIO DE MANAUS
A leitura de histórias em quadrinhos, conhecidos nacionalmente como gibis, incentiva crianças e adultos para que o hábito se torne prática prática diária.
Este é o caso de Paulo Guilherme Mattos Edwards, 11, estudante e atleta, do estudante do curso de Letras - Língua Portuguesa Jan Santos, 20, e do estudante de engenharia Renato Costa Oliveira, 20, que são apaixonados por boas histórias e também são colecionadores de gibis.
De acordo com Bero Vidal, do Clube dos Quadrinheiros de Manaus, os gibis contribuem e sempre contribuíram para estimular o senso crítico dos leitores, fazendo com que os jovens adotassem sua leitura como hábito.
Ele lembra ainda que os gibis eram tidos como literatura proibida nos anos 1960, quando o governo americano determinou que publicações fossem ‘caçadas’. “Eles acreditavam que os quadrinhos alienavam as pessoas e que tinham conteúdo perigoso. Lembro que na minha infância era proibido ler gibis nas escolas, as professoras confiscavam”, relembra Dero.
Mas as publicações aumentaram de lá para cá, e o número de leitores apaixonados também. “Hoje, as pessoas entendem a contribuição das histórias em quadrinhos como uma porta. Sim, através dos gibis as pessoas se interessam pelas artes, pelo teatro, pelo cinema e outras literaturas”, afirma Dero.
Apaixonado por gibis
Paulo Guilherme, o PG, lê gibis desde a alfabetização. Gosta de histórias que falem de aventura, amizade, disputas, brincadeiras e até paqueras. “Além deste temas, ele também se interessa pelos quadrinhos que tratam de questões sociais, como deficiência física de alguns personagens”, contou Michele Mattos, mãe de PG e engenheira.
De acordo com Michele, ela tinha a intenção de incentivar o filho a ler, mas precisava ser algo que ele gostasse, sem pressões. “O gibi é uma leitura agradável por conta das imagens e linguagem com temas infantis, por isso ele se apaixonou”, disse a engenheira.
PG dedica cerca de 1h à leitura das histórias em quadrinhos, sempre após as atividades escolares ou à noite, antes de dormir. A paixão pela leitura de gibis ultrapassou os limites da casa, Paulo Guilherme leva os quadrinhos para as aulas de inglês e espanhol. “Leio gibis com versões em outros idiomas para exercitar a pronúncia”, revela Paulo Guilherme.
Ele revelou ainda que faz questão de ir às bancas e escolher as revistas que lerá, mas também baixa na internet e lê no tablet ou até no celular. Mas sempre sob os olhares atentos da mãe. “Controlo a quantidades que ele vai comprar, pois quer levar tudo”, contou Michele.
Michele garante que os gibis influenciaram o interesse do filho pela leitura de livros volumosos e destaca que os pais devem apoiar os filhos a lerem quadrinhos. “Geralmente, ele escolhe temas infantis, historinhas e sempre quer ler toda a coleção daquela obra”, disse.
Gibis literários
Jan Santos começou a ler gibis há 13 anos e começou com histórias da turma da Mônica e da Disney, mas também era ‘viciado’ em ler as tirinhas que saíam nos jornais de domingo. Com o tempo, o interesse pelos gibis aumentou, inclusive por temas mais reflexivos.
“Histórias em quadrinhos, muitas vezes, apresentam conceitos diferentes, envolvendo filosofia, mitologia e até mesmo moral e ética. Ler esse tipo de histórias com certeza aguça o apetite por outras modalidades de leitura”, revela Jan.
O universitário, que ano passado lançou um livro intitulado ‘Evangeline - Relatos de um mundo sem luz’, afirma que a leitura de gibis contribui significativamente para a profissão dele. “Os gibis são ótimos para aprendermos formas diferentes de dinamizar uma história, mesmo que não seja em quadrinhos”, revela.
Como a leitura e escrita fazem parte da rotina de Jan, ele revela que já pensou muitas vezes em fazer seu próprio gibi, que segundo ele deve ser o sonho de todos os colegas que se interessam pelo gênero. “ Idealizo uma história alternativa sobre algum personagem que gosto muito, bem como o Sandman, o Batman ou algum dos X-men, por exemplo. Com um enredo curto, seria mais para mostrar o quanto alguns desses caras podem ser nos bastidores, quando não estão lutando contra o crime ou salvando o mundo”, contou o jovem.
Quadrinhos japoneses
No caso de Renato Costa Oliveira, o incentivo pela leitura de mangás, como são conhecidos os gibis japoneses, ocorreu há 6 anos. “Uma amiga me emprestou alguns, eu fiquei curioso porque ela só falava neles”, disse.
As histórias japonesas são conhecidas pela fantasias e mundos desconhecidos, mas, para Renato, as publicações vão muito além do lúdico, orientações sobre moral e caráter fazem parte do estilo oriental. “São cativantes por falar de vários assuntos como força de vontade, responsabilidade, honra e relacionamentos interpessoais. Tem papel educativo”, disse.
Para o estudante, o hábito de ler outras publicações sobre outros gêneros aumentou após ele ter começado a ler mangás. “O hábito de ler aumentou, junto com a vontade de ler algo mais completo. Hoje leio livros, que talvez não leria se não fosse os mangás”, acredita Renato.
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