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Quadrinhopédia: Chico Bento CHTM



Esta é uma revista que todo amante dos quadrinhos da turma da Mônica deveria ter. Ela contém boas histórias do personagem e ainda nos dá de presente uma capa simplesmente maravilhosa. É claro que o mundo da Vila Abobrinha já rendeu outras capas bonitas antes, mas esta, não sei bem porque, é uma das que considero mais belas de todos os tempos.  


Chico Bento 23, da Coleção Histórica da Turma da Mônica, abre com "O MÉDICO DE ROÇA": um cara que se lembra o Seu Juca vai prestar seus serviços médicos na Vila Abobrinha. Ele está contente pela aparência pacata e simples do local, a natureza, o verde e tanta coisa coisa comum que representa o oposto do cenário urbano. Mas, toda essa paz e harmonia começa a ir embora quando ele percebe que não consegue fazer aquilo pelo qual tanto estudou e eu duro: clinicar. A historinha é bem curta e é engraçado de ver como o pessoal acaba sendo meio sem noção ao levar seus bichos de estimação para serem consultados. Chico Bento (é claro!) destacou-se dentre os outros com sua galinha Giselda. Mas bom mesmo foi ver a vaca da Maria. Ah, Ah, Ah!


A seguir, uma história que provavelmente não vemos por aí, nas atuais publicações recentes. "DESAFIO DE UM GRANDE GUERREIRO" mostra o indiozinho Papa-Capim querendo ser um bravo guerreiro. Jurema acha graça e o desafia a um ato de bravura.  O mais interessante é vê-lo encarar um filhote de onça pintada e brigar com ela de verdade. Hoje em dia, o personagem não faz mais isso. Não bastava tirar essa característica tão normal da cultura indígena, estão colocando-o como um amante e defensor dos animais. Por isso, é frequente vê-lo abraçando e protegendo os bichos. Na minha opinião, esse intuito poderia ser feito de forma um pouco mais convincente, sem transformar esse personagem da água pro óleo.


História completa do Papa-Capim
Imagens do meu próprio exemplar


"UM ASSALTANTE NA ROÇA" se junta ao rol de tramas impossíveis de se ver hoje. Tanto pelo fato de simplesmente expor um criminoso o tempo todo, quanto pelas situações surreais que a gente sabe estão longe de acontecerem de verdade um dia. Esse é o lado divertido que marcou boa parte da trajetória da MSP nos anos 80. Eles mexiam com coisas quase impossíveis para provocar graça. 


"PEGANDO MEL", apesar de não haver bandido, não se distancia da HQ anterior pelas cenas cômicas diante de ações quase improváveis. Eu diria que essas duas tramas são as mais graciosas da edição - "graciosas" no sentido de serem cômicas sem qualquer outra pretensão. E quem diz que elas não transmitem mensagens? Elas fazem isso com a mesma competência que muitas outras.


"O QUE É, O QUE É?" - Uma história onde o Humberto é o protagonista? Tal fato era comum nos anos 80. Ainda que o personagem fosse mudo, os artistas conseguiam colocá-lo em algumas situações bacanas que rendiam boas tramas para o miolo das edições. Desta vez, ele participa de um programa que, na época, já tinha a tão batida e velha fórmula de perguntas e respostas.Vale a lembrança dos programas à moda antiga do Silvio Santos.


Mas é em "UM DIA DE FOLGA" que vemos nitidamente as diferenças entre o que foi o Chico Bento antes e o que é ele hoje. Na história, pra ficar vadiando o dia todo, ele engana a mãe que esperava que ele fosse fazer o serviço rotineiro da vida no campo. Era comum até mesmo na cultura brasileira que os filhos começassem a ajudar os pais com o trabalho diário de manutenção da vida no campo como, por exemplo, tirar o leite das vacas, dar banho e comida aos cães, jogar farelo de pães e bolos aos pássaros, alimentar os animais (galinhas, patos, porcos, vacas, cavalos, cães etc.), cuidar da horta, capinar o mato alto etc. É óbvio que nem todas as crianças gostavam de desempenhar essas tarefas... e o Chico Bento tinha exatamente esse perfil de preguiçoso, teimoso e enrolador. 

 A lição transmitida aqui é quando ele pensa que enganou a mãe e vai brincar o dia todo, escondido dela. Mas, ao passear pela vila, ele encontra todos os seus amigos ocupados com as tarefas. Alguns gostando e outros nem tanto, mas fazendo. Chico finalmente se tocou e voltou pra casa todo disposto a desempenhar as tarefas necessárias.

Uma bela história de reconhecimento à vida dura que muitos pais têm em prol do nosso bem estar.


Como eu queria que os roteiros de hoje em dia fossem tão bons quanto foram um dia.



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